Moradores da cidade de Medina, no médio Jequitinhonha
fecharam hoje (08/08) a BR 116 para reclamar dos altos índices de violência que
o município vem apresentando. O estopim da revolta foi o brutal assassinato de
um senhor de 94 anos dentro da residência dele por volta da meia noite do dia. Tudo indica que o assassino tenha entrado na residência para roubá-lo.
Segundo testemunhas, o idoso foi agredido com um pedaço de pau principalmente
na região da cabeça, tendo espirrado sangue na parede do quarto onde a vítima
se encontrava.
Também aumentaram o número de roubos à mão armada a
motocicletas na zona rural através de emboscadas. Furtos de motocicletas são
comuns no município; estes geralmente acontecem quando os criminosos encontram
o veículo estacionado em algum local com as chaves na ignição ou fazem ligação
direta. Em algumas modalidades, os autores saem empurrando as motos das vítimas
sem que estas vejam.
O número de roubos à mão armada em lojas, a pessoas que
estão caminhando pelas ruas ou a entregadores de lanches também cresceu. Em sua
maioria, os crimes são cometidos por menores, o que dificulta porque mesmo que
a polícia os prenda, esses menores são liberados, pois só são presos em
flagrante de crimes como homicídio.
Um policial que não quis se identificar disse que este é
um problema do país inteiro. "A maioria dos crimes é cometida por menores
que só podem ser presos em flagrante de grave crime contra a vida. Quando são
presos por crimes como roubo ou porte ilegal de arma de fogo, os delegados são
obrigados a soltá-los. A prisão deles depende de um mandado judicial e em
qualquer caso, o sistema prisional tem de encontrar um local apropriado para
internação de menores no prazo máximo de 5 dias ou o magistrado é obrigado a
soltá-los.
A prisão preventiva de menores, que é aquela que acontece antes do
menor ser julgado, só pode durar 45 dias e a justiça demora em média 6 meses a
um ano para julgar um caso destes. Após serem condenados, os menores ficam
presos por no máximo 3 anos independente da crueldade com que o crime foi
executado. Crimes que geram uma reclamação muito grande da sociedade como os
furtos não resultam em prisão em flagrante. Então o que acontece é que o
criminoso comete quantos furtos ele quiser e o máximo que vai lhe ocorrer é ser
levado pela polícia militar até a delegacia e em seguida liberado para voltar a
furtar. Outro problema são os viciados em drogas que encontram pouca
oportunidade de recuperação pelo estado. Como geralmente são pobres, não tem
como pagar uma clínica particular e quando procuram o poder público, o que é
difícil, ainda enfrentam filas. Independente disso, a maioria não quer se
tratar, o que demandaria uma internação compulsória do doente. Esses causam a
maioria dos furtos. Hoje, quase não existem pessoas furtando para comer. Esses
usuários chegam a furtar bicicletas e motos e trocar por uma ou duas pedras de
crack avaliadas em R$ 10,00 cada uma."
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Populares fecham a BR-116. Foto: Blog Pedra Azul MG |
Uma estudante de Direito que também não quis se
identificar alegou "o Estado diz que a solução não é prender, contudo ele
não apresenta a outra solução e deixa a população sendo fustigada por
criminosos. Já não temos segurança de deixar nossa casa sozinha porque somos
roubados. Quando saímos nas ruas, somos assaltados e até quando estas pessoas
chegam a ser presas pela polícia, elas voltam pra rua como se nada tivesse
acontecido. Os benefícios de progressão de pena também são outro problema. Os
presos já saem de lá cometendo outros crimes. Deveria haver uma forma mais
justa de verificar quem realmente melhorou o seu comportamento."
Comerciantes afirmam que não se sentem mais seguros. Eles
dizem que qualquer pessoa que aparente estar agindo de forma estranha próximo a
seus estabelecimentos já é motivo de pânico.
Um servidor da área de segurança pública afirmou que a
justiça chegou a um ponto de sobrepor os direitos dos criminosos ao das
vítimas. Segundo ele, "uma vítima que é roubada sendo agredida e passando
o medo de ter uma arma apontada pela sua cabeça geralmente não conseguem
recuperar nem o bem que lhe foi roubado. Enquanto isso, qualquer denúncia de
violação ao direito do preso já é motivo para inutilização de provas e
relaxamento de prisão. Se tornou tão banal que as pessoas começaram a mentir
dizendo que foram agredidas no momento da prisão só para desqualificar o
serviço policial. E o mais triste disso é que advogados se prestam a essas
falsas denúncias. Certa feita, uma mulher foi a promotoria para denunciar que
os policiais tinham agredido os moradores da casa durante um cumprimento dum
mandado de busca e apreensão. Imagine qual foi a surpresa da mulher denunciante
quando foi informada de que o promotor estava presente na ação e que não havia
presenciado nenhuma agressão."
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