O Sobrado Velho, em Berilo, hospedou hóspedes ilustres
como o mártir da Inconfidência Mineira, o Tiradentes, além de historiadores e
naturalistas Iepha/MG.
O casarão do município de Berilo hospedou Tiradentes, além
de outros ilustres hóspedes.
O Sobrado do Inconfidente Domingo de Abreu Vieira ou
Sobrado Velho, em Berilo, no Vale do Jequitinhonha, foi construído há
mais de 250 anos e guarda histórias que vão desde a corrida pelo ouro, às
reuniões que resultaram num dos maiores movimentos pela libertação do Brasil, a
Inconfidência Mineira. Entre os hóspedes ilustres estão o mártir Joaquim José
da Silva Xavier, o Tiradentes, historiadores e naturalistas como o francês
Auguste de Saint-Hilarie e o austríaco João Emanuel Poh.
O casarão, tombado em 2001, foi restaurado pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), por meio do Programa de Proteção
do Patrimônio Cultural - Minas Patrimônio Vivo, da Secretaria de Estado de
Cultura (SEC). De estilo colonial, o Sobrado Velho, que corria o risco de
perder as características originais, foi totalmente recuperado. As obras foram
realizadas em três etapas, que começaram em 2009 e terminaram em 2012. Foram
investidos R$ 829.800,00, sendo R$ 200 mil do Fundo Estadual de Cultura e o
restante proveniente do Governo
de Minas.
De acordo com o técnico do Iepha responsável pela obra de
recuperação, Miguel Ferman, está sendo elaborado um termo de referência para
contratação dos trabalhos de restauração dos elementos artísticos integrados da
edificação. “A proposta é transformar o Sobrado do Inconfidente em um Centro de
Artes e Ofícios do Alto Jequitinhonha, destinado à prestação de serviços à
comunidade, abrangendo, dentre outros, a implantação de oficinas de cerâmica,
tecelagem e sala para ensaios musicais. A administração do local ficará a cargo
da Prefeitura Municipal de Berilo,” informou o técnico do Iepha.
A professora aposentada Haydée Almeida Murta, de 86 anos,
nasceu no Casarão que, na época, pertencia ao avô dela, Licínio de Souza
Pereira. Haydée foi secretária de Cultura do município e registou em um livro a
história do Sobrado do Inconfidente Domingo de Abreu. “Uma história que
se mistura à história da própria cidade e dos moradores. O sobrado tem um
significado muito grande, ele foi o primeiro casarão suntuoso de Berilo, ele
fez a história da cidade”, ressaltou a professora.
Minas Novas
Outro casarão que faz parte da história do Vale do
Jequitinhonha é o Sobrado Dário Magalhães, em Minas Novas, que também está
sendo restaurado pelo programa Minas Patrimônio Vivo. Construído no século 18,
o sobrado, que estava em ruínas, já foi utilizado como educandário,
estabelecimento comercial e hotel. Na década de 1960 o casarão foi adquirido
pelo morador de Minas Novas, Dário Sales Magalhães, que concedeu o nome pelo
qual é conhecido até hoje.
Desapropriado pela prefeitura do município, o sobrado
agora vai abrigar o Museu dos Percursos, que faz parte do Projeto Circuitos
Culturais de Minas Gerais da SEC. O museu vai interligar os 54 municípios do
Vale em um roteiro voltado à preservação, valorização e divulgação da
riqueza cultural da região.
Segundo Miguel Ferman, responsável também por essa obra, a
primeira etapa para a recuperação já foi concluída e custou R$820.960 mil aos
cofres do Estado. A previsão de investimentos para a segunda fase é de R$ 650
mil. Para a etapa estão previstas a adequação de espaço para exposições e
acervo, implantação da iluminação interna e externa, além da construção de um
anfiteatro.
Projetos
O Minas Patrimônio Vivo tem outros três projetos para
restauração e recuperação do patrimônio histórico no Vale do Jequitinhonha: o
da Igreja do Rosário em Minas Novas, já em execução, no valor de R$ 240.670
mil; Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, em Milho Verde, distrito do
Serro, e Igreja São Gonçalo, em São Gonçalo, também distrito do Serro. Os
dois projetos estão em fase de elaboração, com previsão de gastos
de R$ 231.000 mil para cada um deles.
O Iepha, por meio do Minas Patrimônio Vivo, também
instalou alarmes em Igrejas e Casarões do Serro, Milho Verde, Minas Novas,
Chapada do Norte e Berilo.
Minas Patrimônio Vivo
Desde que foi lançado, em 2011, o Minas Patrimônio Vivo já
recuperou cinco obras nas regiões Central, Triângulo, Norte e Vale do
Jequitinhonha. O Programa restaurou ainda 14 esculturas religiosas em
municípios de todo o Estado. Os investimentos somam R$ 8,9 milhões.
O programa prevê ações simultâneas para restaurar e
conservar a estrutura física dos bens tombados e garantir a segurança de obras
artísticas, a partir da instalação de sistemas contra furtos e de prevenção e
combate a incêndios.
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