terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

CASAMENTO GÓTICO GERA POLÊMICA EM CIDADE DO VALE DO JEQUITINHONHA

Fiéis querem cancelamento do casamento e a expulsão do padre. Casal afirma fazer parte da Igreja Católica e que matrimônio é legítimo. 

O casal Wesley Aurélio Mendes Chaves e Fernanda Alves Martins resolveram dizer sim de uma maneira diferente. O casamento no estilo gótico, realizado em janeiro deste ano, em uma igreja católica de Rubim (MG), causou muita polêmica na cidade.

Wesley e Fernanda se casaram no dia 11 de janeiro em uma paróquia da cidade de Rubim. (Foto: Wesley Chaves / Arquivo Pessoal)
Wesley Aurélio conta que ele e sua esposa Fernanda namoraram por cerca de dois anos e marcaram o casamento para o dia 11 de janeiro de 2014. Antes de escolherem a data, os dois procuraram o padre João Carlos, da paróquia de Rubim, e expressaram a vontade de realizar o casamento no estilo heavy metal e gótico. Vídeo do casamento foi publicado no Youtube.

“Eu e minha esposa somos católicos. Não cometemos nenhuma infâmia contra às regras impostas pelo catolicismo. Gostamos de rock, de cores escuras, e vestimos de uma maneira singular. Queríamos ter um matrimônio que fosse a nossa cara. Meu casamento é legítimo e não tem nada que alguém possa questionar”, diz o marido.

Mas o casamento gótico não agradou alguns fiéis da cidade. Mesmo com aprovação do padre, segundo Wesley, no dia do casamento, o casal passou por diversos problemas.

“Os moradores começaram a dizer que fazíamos parte de uma seita satânica e que não podíamos por os pés nas igreja. O estilo de vida e roupa não têm relação com a religião. No dia do casamento, minha noiva foi difamada na porta da igreja e aquelas declarações preconceituosas me prejudicam até hoje”, desabafa.

Wesley conta que  abriu um estúdio de tatuagem e a clientela tem se afastado. "Trabalhar como tatuador já não é uma tarefa fácil. Agora que todos na cidade acreditam que eu participo de uma seita satânica, a coisa ficou pior ainda".

Para ele, o gótico não é uma pessoa pálida, vestida de preto, que aprecia a noite, tem uma personalidade melancólica e solitária. "Somos normais. Apenas gostamos de rock e de roupas escuras. Estou tendo tantos problemas que, dias após o casamento, registrei um boletim de ocorrência por calúnia e difamação", afirma.

Damas de honra seguiram o estilo com
vestidos vermelhos. (Foto: Wesley Chabes /
Arquivo Pessoal)
O casal passou por todos os pré-requisitos para a celebração religiosa na Igreja Católica como batizado, primeira comunhão, crisma e curso de noivos.

Divergências

As polêmicas em torno do casamento gótico não param por aí. Além dos transtornos enfrentados no dia da cerimônia, o casal e o padre vêm sofrendo ameaças por parte de alguns fiéis.

“Isso é errado e a Igreja não pode admitir casamentos como esse. A casa de Deus é um santuário. Não é um lugar para fazer o que bem queremos. As regras do catolicismo e a Bíblia ditam um padrão para casamentos, não podemos celebrar nada de diferente do tradicional", comenta uma vendedora que não quis se identificar.

A dona de casa Maria das Graças Santos também é contra a realização de casamentos góticos no templo católico. Ela diz não ser contra o estilo de vida do casal, mas acredita que a igreja é uma casa santa e segue regras.

Depois deste episódio não existe mais clima durante as missas", disse Maria das Graças Santos.

“Estamos tentando levar o caso para a Diocese de Almenara, mas ainda não oficializamos as reclamações. Queremos um posicionamento da Igreja em relação a essa situação. E se não obtivermos resultado, vamos até Brasília procurar o bispo responsável", afirma.

Maria das Graças diz ainda que os fiéis querem a anulação do casamento para servir de exemplo para demais noivos. Eles também buscam a transferência do padre. "Vai que essa moda pega! Depois deste episódio não existe mais clima durante as missas".

Procurado pela reportagem do G1 Vales de Minas Gerais, o padre João Carlos disse que não poderia se pronunciar formalmente sem autorização da Diocese de Almenara. A secretária da Diocese informou que não tem conhecimento do caso e que não recebeu qualquer reclamação formal.

Apoio ao casal

Dos aproximadamente 9.500 habitantes da pequena cidade de Rubim, nem todos são contra a união do casal gótico. Parentes e amigos dizem entender o estilo de vida de Wesley e Fernanda e muitos deles estiveram presentes no dia do casamento.

Wesley disse que, desde os 13 anos, admira o estilo roqueiro e que desde então passou a adotar o figurino em seu dia-a-dia. Já Fernanda aderiu a moda há mais de cinco anos. O casal conta que, quando disseram para os familiares e colegas que iriam promover um casamento "diferente", todos curtiram a ideia.

Convidados aderiram ao estilo gótico do casamento. (Foto: Wesley Chavez / Arquivo Pessoal)
"Todos até aderiram ao estilo. Os convidados e padrinhos vieram de roupa escura. Fizemos uma pequena festa, após a celebração, estilo baile de rock. Só temos a agradecer aqueles que nos conhecem e sabem que somos pessoas do bem e também aos que não fazem um pré-julgamento”, finaliza.

Por Patrícia Belo, do G1 dos Vales de Minas Gerais

Sobre o Autor: Bernardo Vieira
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    Bernardo Vieira

    Sou mais um apaixonado pelo Vale do Jequitinhonha e suas riquezas. Venho, através deste blog, tentar expandir a cultura do vale, bem como trazer novidades e coisas úteis em geral. Formado em Administração pela UFLA - Universidade Federal de Lavras e Funcionário Público Estadual (TJMG). contato pelo email: nabeminasnovas@yahoo.com.br ou bernardominasnovas@hotmail.com.

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