O ministro do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), Marco Aurélio Bellizze, concedeu habeas-corpus ao fazendeiro Adriano
Chafik Luedy, acusado de ser o mandante do chamado Massacre de Felisburgo. O
crime ocorreu em 2004, quando cinco trabalhadores sem-terra foram assassinados
e pelo menos 17 pessoas ficaram feridas, no acampamento Terra Prometida, na
Fazenda Nova Alegria, em Felisburgo, 736 quilômetros de Belo Horizonte.
Foto: Divulgação |
O pedido de habeas-corpus foi deferido na
sexta-feira, em liminar, mas ainda não foi publicado. A decisão cassou a medida
cautelar que determinou a prisão de Chafik no dia 21 de agosto. O habeas-corpus
também foi impetrado em nome do réu Washington Agostinho da Silva, acusado de
participação no crime, que permanece foragido desde o dia 21 de agosto.
De acordo com a assessoria de comunicação do
STJ, a decisão foi concedida em caráter provisório, ou seja, é válida até a
análise do mérito do pedido pela 5ª turma do tribunal, ainda sem data definida.
A previsão é que a decisão seja encaminhada amanhã para a Penitenciária de
Segurança Máxima Nelson Hungria em Contagem, na região metropolitana de Belo
Horizonte, onde Chafik está preso.
Em nota, o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamentou a decisão do STJ. "É
lamentável que a Justiça de Brasília coloque este assassino à solta. Nós do MST
vamos manter a mobilização para o julgamento definitivo, confiantes que o TJMG
(Tribunal de Justiça de Minas Gerais) vai condená-lo à pena
máxima", disse Enio Bohnenberger, da coordenação do MST.
O Massacre de Felisburgo ocorreu em 20 de
novembro de 2004, no acampamento Terra Prometida, em Felisburgo. Os
agricultores Iraguiar Ferreira da Silva, 23 anos; Miguel Jorge dos Santos, 56
anos; Francisco Nascimento Rocha, 72 anos; Juvenal Jorge da Silva, 65 anos; e
Joaquim José dos Santos, 48 anos, foram mortos a tiros, à queima-roupa. Ao
menos 17 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. Para o Ministério
Público, Chafik comandou o ataque logo depois de perder uma ação de
reintegração de posse para o MST.
O julgamento do massacre foi adiado pela
terceira vez neste ano. A primeira foi no dia 17 de janeiro. A segunda vez, no
dia 15 de maio, e motivou protestos de organizações, como o MST. O último
adiamento ocorreu no dia 21 de agosto, quando a Justiça de Minas Gerais
suspendeu o processo devido à ausência do advogado Sérgio Alexandre Habib, que
alegou problema de saúde e pediu adiamento do tribunal do júri. Ele defende o
fazendeiro Adriano Chafik, além de Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira,
Milton Francisco de Souza e Washington Agostinho da Silva, acusados de
participação no crime.
Chafik Luedy e os três réus respondem pelos
crimes de formação de quadrilha, homicídio qualificado, tentativa de homicídio
e incêndio. As penas, caso sejam condenados, podem chegar a 30 anos de prisão.
Fonte:
Agência Brasil
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