De acordo com a polícia, há suspeitas que empresários e políticos estejam por trás da exploração ilegal de diamante e ouro no rio Jequitinhonha
Os dias de extração ilegal de ouro e diamante no garimpo
mais famoso de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, estão contados.
Mais de 1.200 garimpeiros sem autorização, exploram ouro e diamante no rio Jequitinhonha deixando um rastro de destruição
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A
Polícia Civil está no encalço dos responsáveis pela retirada semanal de mais de
2 mil quilates em pedras preciosas – o equivalente a R$ 1 milhão – da área
conhecida como Areinha. A 50 quilômetros do centro de Diamantina e já na
divisa com o município de Couto de Magalhães de Minas, a região é explorada por
mais de 1.200 garimpeiros e, por trás deles, empresários com alto poder
aquisitivo.
Tanto
eles quanto a mineradora que explorou a área por cerca de 20 anos são suspeitos
de provocar danos ambientais contínuos. A questão com a empresa Rio Novo,
integrante do grupo Andrade Gutierrez, já está na Justiça. Agora a polícia investiga
a atuação dos garimpeiros que permanecem no trabalho desde 2007, apesar de
cientes da ilegalidade. A retirada compulsória seria comandada por pessoas de
alto poder aquisitivo em Diamantina.
“Estamos
aprofundando a investigação para saber quem são. Há a suspeita de que sejam
empresários ou políticos, mas ainda não temos essa confirmação. O que sabemos é
que é preciso ter dinheiro para manter a situação. Muitas vezes, quem tem o
dinheiro não vai garimpar, ele paga alguém para isso”, afirma o delegado
regional de Diamantina, Carlos Capistrano. Ele comandou o levantamento
preliminar da extração de ouro e diamante na Areinha antes de encaminhá-lo para
a Divisão Especializada de Proteção ao Meio Ambiente.
Captação de água
Segundo fontes ligadas às investigações, os envolvidos no esquema, com alto poder aquisitivo, estariam atuando na prática criminosa de sonegação de impostos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e danos ambientais. Entre eles, a captação irregular de água do rio Jequitinhonha, usada em larga escala nas atividades do garimpo.
No
período de seca, a Areinha é tomada por 120 dragas, responsáveis pela retirada
da areia e minerais do leito do rio.
O
material é jogado em uma cava, de onde segue para uma esteira para a separação.
Nesta época de cheia do rio, o movimento no garimpo cai, mas não cessa. E mesmo
a possibilidade de responder criminalmente pela atividade, risco cada vez mais
iminente, não afasta garimpeiros e “patrões”.
“Já existe, e sempre existiu, por parte de todos que ali
operam, uma preocupação. Eles atuam sabendo que podem ser pegos a qualquer
momento. Em tese, vale a pena”, avalia Capistrano. Mas o cerco tem se fechado,
inclusive em torno da destinação do lucro captado no garimpo.
De acordo com as investigações, a extração de pedras
preciosas movimenta o comércio de imóveis e veículos, bens adquiridos para
lavar o dinheiro da extração ilegal.
Mas
a região da Areinha, que ganhou esse nome por causa dos montes de areia que se
formaram no local onde eram descartados os rejeitos do que foi aproveitado pela
mineradora que explorava a área, cultiva outro problema. “Não existe só o
aspecto criminal, mas também o social.
Hoje são 1.200 garimpeiros no local. Para você tirar essas
pessoas dali, tem que ter uma contrapartida”, lembra o delegado. Na prática,
isso significa que por um ponto final em seis anos de extração irregular vai
muito além do fim da atividade em si.
Fonte: Portal HD, via Gazeta de Araçuaí
1 comentários:
Caro Bernardo, provavelmente, salvo engano, pra essa atividade ilegal eles fazem uso do mercúrio... Não? É que estou aqui a refletir: qual seria a causa de tantos casos de câncer na população ribeirinha rio abaixo? Em Salto da Divisa por exemplo, embora não saiba precisar os números, há uma enorme quantidade de pessoas com câncer. Digo enorme porque é uma quantidade muito desproporcional ao tamanho da população. Para piorar, depois da construção da hidrelétrica de Itapebi o assoreamento do Rio Jequitinhonha aumentou assustadoramente. Suspeita-se portanto que essa seja uma das prováveis causas. No local onde se encontra submersa as cachoeiras, entre elas a do Tombo da Fumaça, já é possível tocar na areia em alguns trechos. Então, ao que tudo indica, sem dúvidas, tudo que desce rio abaixo está concentrando no trecho do Rio Jequitinhonha, em Salto da Divisa.
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