O Triângulo do desmatamento, formado pelos municípios de Jequitinhonha e Ponto dos Volantes (Vale do Jequitinhonha) e Águas Vermelhas (Norte de Minas) foi a região que mais desmatou esse tipo de bioma no Brasil.
Nos últimos dois anos, região desmatou cerca de 3
mil hectares de mata. Apenas 7% da área nativa desse bioma ainda sobrevive à
ação do homem.
Na mata fechada é possível encontrar clareiras e
fornos de carvão ainda acesos. No norte de Minas Gerais, o chamado Triângulo do
desmatamento é considerado pela ONG SOS Mata Atlântica como
a região que mais destruiu esse tipo de bioma no país.
O triângulo é formado pelos municípios de
Jequitinhonha,
Ponto dos Volantes e
Águas Vermelhas. Nos últimos dois anos, a região desmatou
cerca de 3 mil hectares de
Mata Atlântica.
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Na entrada do município a placa indica que
Águas Vermelhas respeita o meio ambiente, mas o município foi responsável por quase
20% de todo o
desmatamento em Minas Gerais entre
2010 e 2011.
A ONG usou imagens de satélite e fez sobrevoos.
Márcia Hirota é diretora da SOS
Mata Atlântica. As imagens servem de documento
no relatório preparado pela fundação.
Parte de uma área no município de
Águas Vermelhas,
no norte de Minas Gerais, que há menos de um ano era ocupada por mata nativa já
tem o plantio de eucalipto.
A lei 11.428, de 2006, deixa expresso que o corte
de vegetação primária no Bioma
Mata Atlântica só pode ser autorizado em caráter
excepcional para obras de utilidade pública, pesquisa científica e práticas
preservacionistas. No caso de matas em outros estágios de regeneração, caberá
ao órgão estadual competente conceder a licença ambiental.
Não é difícil encontrar tratores derrubando e
arrumando toras recém-cortadas. Trabalhadores de uma carvoaria que colocavam
toras nos fornos confirmaram que retiraram a madeira de uma área de mata
nativa. No local fica a fazenda Paty, que pertence ao fazendeiro Paulo Daniel
Antunes Sposito, conhecido como Seu Dadá, que mora em Vitória da
Conquista, na Bahia.
O fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito não quis
dar entrevista, mas por meio de nota informou que a propriedade foi o primeiro
imóvel da região a conseguir autorização para a supressão da cobertura vegetal
nativa com destoca para a produção de carvão vegetal nativo e o cultivo de
eucalipto. Ele enviou ainda cópia dos documentos emitidos pela Secretária de
Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Um dos documentos, que vence em
janeiro de 2014, permite a supressão de 50 hectares de mata nativa e outro para
90 hectares, que vence em agosto deste ano.
Em Minas Gerais, muitos fazendeiros têm licença
para o desmate. Desde 2011, é a Supram, Superintendência Regional de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o órgão que concede as licenças no
estado. O escritório regional do Alto Jequitinhonha, responsável pela atuação
na região, fica em Diamantina,
distante quase 500 quilômetros de
Águas Vermelhas. Segundo a superintendente
Eliana Piedade Machado, as autorizações são aprovadas por uma comissão formada
por vários órgãos ambientais. De 2008 para cá, foram conseguidas 180 licenças
de desmate na região, num total de 18 mil hectares.
“É uma região que tem um desenvolvimento
socioeconômico muito precário. A gente tem que pensar também na realização de
atividades econômicas. Por muitos anos, a economia local se baseou na cadeia
produtiva do carvão. Hoje, a gente tem a citricultura chegando fortemente na
região. É uma atividade econômica. A região precisa também se desenvolver. O
grande desafio é conciliar esse desenvolvimento com a preservação ambiental”,
justifica Eliana.
As autorizações concedidas no município de
Águas Vermelhas se basearam na avaliação que as áreas são de
Mata Atlântica Secundária, em estágio inicial de regeneração. Por isso, é exploração pode ser
permitida. Para caracterizar o estado de uma vegetação são analisados fatores
como o porte das árvores, a densidade das matas e a existência de espécies
vegetais protegidas por lei.
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