Itinga agradece o cumprimento de
promessa presidencial, mas padece de outros problemas.
A maior conquista de Itinga nos
últimos 10 anos é a ponte sobre o Rio Jequitinhonha, promessa feita por Lula,
em 2003, e cumprida no ano seguinte. A estrutura, com cerca de 350 metros,
ligou o Centro do município ao Bairro Porto Alegre, facilitando a vida dos
moradores, que antes precisavam enfrentar as águas acomodados em canoas ou em
balsas. Por outro lado, o sonhado hospital municipal, o Santa Edwiges, desejado
pelo ex-presidente como se fosse um dos habitantes da pequena cidade, funcionou
por cinco anos, de 2004 a 2009, e não tem previsão de reabrir as portas.
“A cidade melhorou depois da
construção da ponte. Em relação ao hospital, porém, a prefeitura não tem
condições de bancá-lo sem a ajuda do governo federal ou do governo estadual.
Vamos tentar parceria com Diadema (SP), município que havia acolhido Itinga”,
planeja o secretário de governo da cidade mineira, Marcos Elias, enquanto
observa, de uma sala da prefeitura, a ponte financiada, em grande parte, pela
mineradora Vale.
Ponte sobre o Rio Jequitinhonha é chamada de o maior presente
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Uma das cabeceiras da estrutura está próxima ao bar de seu Clemente Miranda
Filho, de 66 anos. Seu Kelé, como é conhecido na cidade, é homem de boa prosa e
de muitas lembranças. Ele se recorda da época em que os moradores precisavam
atravessar o leito em canoas de madeira ou nas balsas. “O melhor presente que
Itinga recebeu foi a ponte”, garantiu o comerciante, que não abre mão de um
retrato do papa João Paulo II em seu estabelecimento.
O que ele deseja, agora, é a reativação do hospital, que ainda conserva boa parte dos equipamentos. Os dois prédios que abrigaram a instituição de saúde, ambos de um andar, foram rodeados pelo mato. Em parte de um deles funciona o laboratório de análises clínicas da cidade. Três pessoas trabalham no local. Uma delas é o auxiliar de laboratório Eclésio Moreira, concursado na prefeitura e com contracheque de um salário mínimo. “Curso faculdade de análises clínicas em Teófilo Otoni (distante de 180 quilômetros de Itinga). O laboratório tem boa demanda, mas torço para a reativação do hospital”, deseja o rapaz.
Socorro
Na praça, principal cartão-postal do município, os xarás Geraldo
Pereira Loyola, de 47, e Geraldo Ferreira da Silva, de 77, sonham com o dia em
que vão presenciar a reativação do hospital, tal qual testemunharam a
construção da ponte sobre o Rio Jequitinhonha. “Quando o rio estava cheio,
gastávamos, no barco, quase meia hora para chegar a outra banda da margem. A
ponte foi muito bem vinda. Agora, a fonte de felicidade, se vier, será o
hospital”, avalia o Geraldo mais velho. O Geraldo mais novo tem opinião
semelhante. Ele já precisou ser socorrido às pressas, depois de uma queda
enquanto consertava o telhado, e ficou 18 dias internado no hospital em Teófilo
Otoni, no Vale do Mucuri. “Ocorreu antes de o hospital ser aberto e, depois,
fechado. Um hospital como o nosso, com os equipamentos que tem, pode ser
referência na região. Quando precisei ser socorrido, fui de ambulância. Não
havia a ponte. O carro foi colocado numa balsa”, recordam.
Do Estado de Minas
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