A
suspeita é de que a matéria-prima tenha sido trocada e as pessoas tenham
ingerido anti-hipertensivo em dosagem 40 vezes maior.
Oito
pessoas morreram em Minas
Gerais após ingerirem cápsulas que supostamente seriam de
Secnidazol, medicamento antiparasitário usado no tratamento de doenças
ginecológicas. A Secretaria da Saúde tenta localizar 62 cápsulas de Secnidazol,
manipulado pela Fórmula Pharma, farmácia de manipulação que tem sua sede em Teófilo Otoni , a 430 quilômetros de
Belo Horizonte.
A
secretaria suspeita que a matéria-prima do medicamento tenha sido trocada.
Pelos sintomas das pessoas que morreram, há possibilidade de elas terem
ingerido anti-hipertensivo (metaprolol) em uma dosagem até 40 vezes maior que o
indicado. Os sintomas são queda de pressão arterial (hipotensão), batimento
cardíaco reduzido (braquicardia), dor no peito, arroxeamento da pele (cianose)
e sensação de desmaio.
“Suspeitamos
que a matéria-prima seja de um anti-hipertensivo e com isso tenha havido
superdosagem. Normalmente, se toma 50 miligramas deste medicamento, metaprolol.
Se for 2 gramas
(2 mil miligramas), isso significa 40 vezes mais. A suspeita é de que eram
comprimidos de metaprolol, de 500 gramas cada. E geralmente as pessoas
ingeriram quatro comprimidos para o tratamento de doenças como candidíase”,
explicou o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Carlos Alberto
Pereira Soares.
Imagem que circula no Facebook |
Um exame
detalhado em cápsulas apreendidas está sendo realizado, mas não há data para um
resultado final.
A Fórmula
Pharma mantinha estoque de medicamentos manipulados, o que é proibido. Este
tipo de procedimento é ilegal porque o remédio, no caso da farmácia de
manipulação, é feito sob medida para o paciente. Para manter um estoque, o
estabelecimento emitiu remédios em nome de pessoas que já morreram.
“Encontramos uma receita em nome de uma pessoa que morreu há quatro meses, mas
não podemos dizer que esta pessoa morreu por causa da ingestão de algum
medicamento da Rede Pharma”, explicou o subsecretário.
O dono da
Fórmula Pharma, Ricardo Luis Portilho, não foi localizado para comentar o caso.
Em perfil na internet, ele afirma ser formado em Farmácia pela Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP), desde 1995. Professor de química da rede pública
estadual licenciado, ele também seria proprietário de uma farmácia na periferia
de Teófilo Otoni, de acordo com investigações da polícia mineira.
Nesta
outra farmácia, a secretaria localizou equipamento para produção de
medicamento, o que é ilegal, já que o estabelecimento, ao contrário da Fórmula
Pharma, não estava autorizado a manipular remédios. A responsável pela
manipulação dos medicamentos da Fórmula Pharma é a farmaceutica Anne Pinheiro
Nascimento Souza.
Sede da empresa |
Nesta
terça-feira (13), o governo mineiro encaminha o caso ao Ministério Público
estadual. A Polícia Civil mineira investiga o caso e os responsáveis, após
identificados, serão indiciados por homicídio culposo (sem intenção de matar).
“Precisamos da ajuda da imprensa para salvar vidas. É um caso de polícia, de
desvio pessoal, pois estavam produzindo medicamentos ilegalmente”, afirmou o
secretário estadual da Saúde, Antônio Jorge.
O
subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde ressaltou que, de 180 cápsulas
do lote que apresentou problema (do dia 14 de novembro), foram localizadas 50
na Fórmula Pharma. As duas farmácias de Portilho, tanto a de manipulação e a na
periferia de Teófilo Otoni, foram interditadas pela polícia, após o caso vir à
tona, com denúncias de familiares das vítimas.
O
subsecretário explicou que foram encontradas 11 receitas, correspondentes a 68
cápsulas. Com isso, resta agora localizar outras 62 cápsulas do lote
considerado letal. “É preferível as pessoas ficarem com medo a morrerem por
ingerir este medicamento”, frisou, ao deixar a entrevista coletiva concedida no
final da tarde desta segunda-feira (12).
Das oito
pessoas que morreram, duas são de Teófilo Otoni, três de Novo Cruzeiro, uma de
Itaipé e duas de Ladainha. As cidades ficam no Vale do Mucuri, a cerca de 400 quilômetros da
capital mineira. A Polícia Civil mineira promete exumar corpos de pessoas que
ingeriram o medicamento da Fórmula Pharma em busca desvendar o caso. O primeiro
óbito relacionado ocorreu no dia 26 de novembro e, o último, no último sábado.
Um casal permanece internado em Teófilo Otoni , seno um deles em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI).
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