O povo do Jequitinhonha vivencia um momento
ímpar em sua história e deseja compartilhá-lo com aqueles que lutam pela
superação de todas as formas de desigualdades sociais.
A recente notícia de expansão da Universidade
Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri, à revelia de seus territórios,
resultou em grande mobilização política em torno de um mesmo propósito: hoje o
Jequitinhonha luta unido para a inserção de pólos universitários ao longo de
seus 71 mil km². Esta luta está em curso desde agosto/2011.
A partir daí, temos manifestado publicamente a
nossa pulsante indignação face à decisão arbitrária e preconceituosa do
MEC/SESU e Reitoria UFVJM ao ignorar nossas demandas pela Educação Superior,
bem como nosso repúdio à capciosa tentativa de alterar o nome de Nossa
Universidade.
Além disso, manifestamos nossa determinação em
lutar por todos os direitos que têm sido historicamente retirados do povo
Jequitinhonhense. A política do Estado Brasileiro - em quaisquer de seus
modelos- gerou um passivo social que os filhos do Vale exigem reparação. A
forma de reconhecer sua omissão é a imediata aprovação pelo MEC da instalação
de pólos da UFVJM até 2015, construindo a base necessária para a transformação
social do nosso território.
Os pólos terão como sedes as cidades de Minas Novas/Capelinha, Araçuaí/Itaobim e Almenara.
Por
oportuno, manifestamos que não aceitaremos que formadores de opinião –
inocentes úteis ou não - nos impinjam sua versão maniqueísta acerca de nossa
história. Somos muito mais que miséria, artesanato, urnas e força de trabalho a
preços módicos. Somos produto de uma divisão do trabalho regional que
privilegia o Sul em detrimento do Norte.
Queremos uma nova simbologia
para o Vale do Jequitinhonha: que seu outro lado seja visto! Que suas
potencialidades venham à tona! Que o massacre da negação do Estado seja
discutido! Que pesquisas ou reportagens a seu respeito não se esgotem na
constatação da pobreza como fato natural, mas, que respondam perguntas: por
quê? A quem interessa?
Doravante,
construiremos outro signo para o Jequitinhonha! Este deverá se atrelar às novas
formas de investimento de longo prazo para além do agrobusiness, os quais
privilegiem um novo modelo de desenvolvimento sustentável baseado na produção
do conhecimento em consonância com sua biodiversidade, nela incluída o ser
humano.
Por conseguinte, o acesso
facilitado à Educação Superior Pública torna-se imperioso, assim como
investimentos em conhecimento, tecnologia e informação, tal como ocorreu em
Minas ao Sul quando da instalação do “Vale do Silício mineiro” (Vale do
Sapucaí).
O Vale do Jequitinhonha, se plantando a educação pública de qualidade guardará o germe do que, em futuro próximo, transformar-se-á em celeiro de informação e cultura, e, potencialmente um diferencial para Minas e para o Brasil.
Por
que não? Não foi assim no sul de Minas? Somos um milhão de brasileiros com
identidade e culturas próprias, que quer viver, brilhar, ser feliz no lugar em
que nasceu: o Vale do Jequitinhonha.
Esta
é a nossa Luta!
Movimento
A UFVJM é nossa!
Este
Manifesto poderá e deverá ser reproduzido e discutido em reuniões, salas de
aula, encontros e espalhados por todos os espaços. Os meios de comunicação
podem e devem divulgá-lo para que o povo do Vale do Jequitinhonha se una em
torno de princípios de luta e denuncie o desprezo do Estado Brasileiro (governos
estadual e federal) pelo seu desenvolvimento sustentável.
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